Na minha primeira experiência, comprei um pote de lixo grande com tampa, de plástico, para acumular as fezes. Coloquei no quintal e mantive fechado para o cheiro não espalhar e para não molhar na chuva.
Comprei também uma caixa de plástico, que foi a coisa mais apropriada e mais barata que pude encontrar. Foi caro. Mas na época, não tive nenhuma idéia melhor. Pus a caixa de plástico no quintal e cobri com um pedaço de telha ondulada. A ventilação seria só pelas ondulações da telha. Não podia furar a caixa, pois ela racharia.
Peguei um saco de serragem na serraria mais próxima.
Fiz a mistura conforme as dicas já publicadas. Mexi até estar tudo misturado. O material vira uma pasta, e fica pesado, difícil de mexer.
No ato em que você rega e mistura o material, a mistura é fedida. Fede assim como fediam as fezes que você guardou para isso. O cheiro pode ser sentido até a uns 5 metros de distância. Mas em 24 ou no máximo 48 horas, já não fede mais, a não ser que se tire a telha e cheire diretamente em cima da caixa, com o nariz a 50 cm da mistura. Em menos de uma semana, o cheiro de fezes se mistura a um cheiro de terra que começa a surgir.
Vou ser sincero com vocês. Qualquer pessoa que não seja muito enjoada pode fazer isso. Se você consegue recolher fezes com pá, consegue mexer elas com uma pá também. A única parte difícil, porém, é na hora de fazer a mistura. Se você acumulou as fezes num recipiente, elas ficam mais malcheirosas do que quando eram recém-produzidas. É nessa hora que o cheiro é meio brabo. Mas é só por uns minutos. No dia seguinte, o cheiro já melhorou.
Ingredientes recém-regados e misturados
Mexi semanalmente a mistura. É bem interessante notar como a mistura evolui. De uma pasta fedida, pesada e repugnante, ela gradualmente vai se tornando algo que não tem diferença quase nenhuma de terra ou de húmus ensacado de floricultura. O fedor dá lugar a um cheiro agradável de terra. Isso mesmo, terra pura e fértil. Não a terra seca e dura de uma estrada de terra, mas como terra preta e fofa colhida de uma mata virgem. Cheiro de húmus.
A receita certa é 2 partes de fezes para 1 parte de serragem. Mas por desatenção, errei na proporção e fiz o inverso: 1 para 2. O resultado é que a mistura final ficou com vários pedaços visíveis de serragem.
A mistura é pesada nas primeiras semanas. Imagine papel higiênico amolecido na água. Acaba virando pasta. Estava difícil de mexer com pá, então passei a usar uma enxada. Mas a enxada às vezes acertava a caixa, rachando-a. Foi um aprendizado: A caixa deve ser resistente, pois você usará uma enxada, e não uma pá.
Não dá trabalho nenhum... Só mexer semanalmente, para aerar. Se esquecer uma semana, não tem problema nenhum. O composto e as bactérias não vão a lugar nenhum.
Abaixo veja a foto do material quando concluí que estava finalizado, 2 meses depois. Concluí assim porque tinha consistência de terra pura, e cheiro de terra pura. O fedor da pasta inicial tinha desaparecido por completo, e se eu não soubesse, jamais diria que pouco tempo atrás, este monte de terra bem-cheirosa era uma pasta repulsiva de excremento. Até poderia meter a mão nela. Mas não obrigado, prefiro continuar usando a pá, só por via das dúvidas. Ainda falta a última parte: O repouso, que deve ser de no mínimo 1 mês.
Veja este vídeo do material pronto. Veja como parece uma terra simples e inofensiva. Não tenho vídeo de quando fiz a mistura, mas digo que era bem diferente. Era uma pasta pesada e fétida.
O resultado não ficou bonito, preto, fofo e úmido como é húmus ensacado de floricultura. Ficou com excesso de serragem, com algumas bolotas secas e duras de serragem (que acho que são bolotas de serragem molhada que secou e endureceu), e um pouco seco. Com a prática, aprimorarei a receita.
Depois de curada a mistura, a joguei no pé de algumas plantas do meu quintal, fazendo uma camada grossa, para cobrir o solo. Os trevos e matos que cresciam ali praticamente não cresceram mais. Além de adubar, este é um dos usos do composto: Cobertura de solo, para controlar mato.
Algumas fontes que li mandam registrar a temperatura. Pus um termômetro e anotei a temperatura diariamente, mas a diferença da temperatura da mistura com a do ar era quase nenhuma. No máximo uns 5 graus. Nem dá pra dizer que a mistura esquenta mesmo. Pode ser só erro de cálculo. Eventualmente o termômetro chinês comprado na internet quebrou, e assim larguei de me preocupar com a temperatura.
Não achei que fosse levar 2 meses. Talvez este recipiente não seja ventilado o suficiente. Vou tentar corrigir isto também. Não foi boa idéia mesmo usar plástico. Mas na hora não achei nada melhor.
Preço da brincadeira:
Potão de lixo com tampa para acumular as fezes - R$ 30
Caixa de plástico organizadora para fazer a compostagem - R$ 50 (caro demais, eu sei)
Enxada, pá - já tinha
serragem - de graça
pedaço de telha ondulada - catei num resto de obra. Mas é bem barata também.
A experiência deu frutos. Não foram perfeitos, mas gerou aprendizado:
1) Usar uma caixa mais forte, que aguente pancada de enxada.
2) Prestar atenção na proporção correta dos ingredientes.
3) Usar um recipiente mais ventilado.
Esse aprendizado é essencial para melhorar a próxima "fornada".
Tentativa 2
Na segunda vez, reaproveitei o recipiente e a serragem que tinha, e peguei mais fezes da minha fonte inesgotável: os meus cachorros. Desta vez acertei na receita: proporção de 2 partes de fezes para 1 de serragem.
Houve um problema: O recipiente onde acumulo as fezes abriu, talvez com o vento, e choveu dentro. Quando comprei, não fiz furos no fundo porque não tinha ferramentas próprias (facas e serras fazem o plástico rachar). Então a água acumulou por uns dias no pote até que o esvaziei. Não houveram problemas sérios além do fato que a mistura ficou bem mais malcheirosa e foi bem mais desagradável misturá-la. Mas é como eu disse: O fedor mesmo só existe quando se está misturando os ingredientes.
Já sabia que era preciso um novo recipiente, mas ainda não tinha tido tempo de arranjar outro, então usei de novo a caixa de plástico. Já estava meio quebrada no fundo, agora ficou ainda mais.
O resultado final ficou um pouco mais homogêneo, mas ainda parecia haver excesso de serragem. Acho que a proporção de 2 para 1 dos ingredientes pode precisar ser refinada. Da mesma forma que a tentativa anterior, esta não ficou preta, úmida e fofinha como húmus ensacado. Ficou meio ressecada e cinza, mas isso é uma questão simples de rega. Quase nunca reguei a mistura quando a mexi. Mas ficou melhor do que da última vez.
A foto abaixo mostra o aspecto da mistura resultante. Tem partes meio cinza-claro e outras mais escuras, é que em cima estava mais seco, e no meio mais úmido, e quando eu bati a foto já havia misturado tudo. Nasceu até um trevo no composto (já viu trevo nascer numa pilha de fezes)?
Assim como na tentativa anterior, esta pilha de material simples e com cheiro de terra naturalmente ficou assim, inassociável com o material original, que era uma pilha nojenta de cocô molhado misturado com serragem.
Esta segunda mistura pus num pote para repousar e está lá até então. Não estou precisando dela ainda.
Mistura pronta.
Mistura pronta. Um pedaço de plástico da caixa aparece. Um trevo nasceu.
Lições aprendidas:
1) Não deixar entrar água no recipiente onde acumulam-se as fezes. Senão, federão mais.
2) Prestar mais atenção no nível de umidade e regar se for preciso pode ser importante.
Adorei seu post, procurava por algo assim há dias. Antes de ver seus comentários comecei a minha cãobostagem..rrss que é de uma necessidade e experiência mais complicada que a sua, tenho uma vizinha que tem mais de 30 cães de raça, gera bosta pra caracas...
ReplyDeleteComecei a fazer 4 compostagens diferentes, testando homeopatias em 3 delas pra ver qual se decompõe mais fácil pra depois postar no meu blog.
Te convido a conhecer, e logo que eu tiver um resultado com esses testes posto os detalhes lá.
Um abraço pra ti e se precisar de alguma dica e eu puder ajudar, estou as ordens. inez alves
http;//homeopatizandoavida.blogspot.com
Olá, eu não tenho cachorro em casa,mas tenho dois gatos, e sou voluntária numa ong, onde temos 60 cães. Você teria uma versão maiiooorr pra galera do canil? e a areia, aquela feita de argila, pode ser incorporada no composto? Obrigada. Graziela. grazitoazza@yahoo.com.br
ReplyDeleteOlá
DeleteMuito interessante o seu problema!
Eu nunca fiz compostagem para um canil, somente para os meus 3. Então não tenho experiência nisso. Mas vou fazer uma sugestão:
Possivelmente o mais fácil pra você será arranjar várias caixas de pinus igual essa que eu uso:
http://caopostagem.blogspot.com.br/2012/03/nova-caixa-para-compostagem.html
Eu fiz uma caixa de 60cm de lado para melhor aproveitar a tábua de pinus de 2,5m de comprimento. No seu caso, talvez você queira caixas com 1m de lado.
Você vai ter que ter uma área razoável na propriedade para colocar estas caixas. Você precisa de pelo menos uns 30cm ao redor da caixa pra você ficar de pé ao lado dela enquanto mistura tudo com a enxada. Ou seja, cada caixa de 60cm de lado precisa de no mínimo 1 metro quadrado, aproximadamente.
Arranjar a serragem não deverá ser problema. A serraria aqui perto de casa entrega de graça ou cobra tipo uns 5 reais por uma saca enorme. Para mim, uma saca dura uma eternidade, acho que um ano inteiro ou mais.
No começo você vai ter que fazer uns testes. Sugiro em primeiro lugar comprar as tábuas e fazer 1 caixa de 60cm conforme acima. Ver se dá certo, se você não se irrita de ir mexer semanalmente. Se der, aí você avalia quantas caixas mais vai arranjar.
Tendo múltiplas caixas você pode operar elas em ciclos, onde sempre haverá uma caixa recebendo as fezes do dia, assim você não precisa de um recipiente para acumular as fezes ainda não compostadas.
Fora usar estas caixas de pinus, já pensei em usar uma betoneira, mas é caríssimo (quem sabe se você tiver uma velha abandonada) ou construir um sistema de barris de madeira giratórios (muito complexo, desisti). A solução que achei mais fácil foram as caixas de tábua de pinus, e no seu caso, serão algumas caixas.
Jogar tudo no chão, seja no concreto ou na terra, não recomendo. Vai dar trabalho pra misturar, vai ficar feio, a chuva vai espalhar a mistura pelo chão, vai ser uma meleca.
Pense nisso e se quiser conversar mais sobre a sua questão, fique à vontade pra me escrever.
Sobre as fezes de gato, dá pra compostar também. A taxa de serragem provavelmente será diferente. Mas isso você pode descobrir na prática. Você inicia o processo conforme o link "receita" (acima à direita) e se depois de no máximo 1 mês (mexendo semanalmente) estiver cheirando como fezes, faltou serragem; se houver serragem visível, sobrou serragem; se estiver enxarcado e mal cheiroso, você está regando demais. A taxa de serragem que uso é 2 volumes de fezes de cachorro para 1 volume de serragem (2x1). Para gatos imagino que vai exigir mais serragem. Algo do tipo 2x1,5 ou até 1x1.
Sobre a argila, você se refere à areia sanitária de gato? Não sei se dá pra compostar isso. Não sei do que é feito. Tem que pesquisar o que é aquilo. Veja no rótulo. Se for algo químico, pode atrasar ou evitar a compostagem, ou tornar o composto ruim para adubar, tóxico para plantas. Se for apenas pedrinhas, ou terra argilosa, aí não interfere. O único problema é que o composto que sobra ficará misturado com essa areia/argila de gato. Você ainda precisa respeitar a proporção da serragem (carbono) com as fezes (nitrogênio), pois nesse equilíbrio a terra argilosa não vai influenciar, só vai ocupar espaço.